segunda-feira, 25 de abril de 2016

Primeiro Sonho - Meninos Da Planície - Cástor Cartelle

                                           
                                                                 Primeiro Sonho

 
      Gritos e gargalhadas misturavam-se. Um grupo de crianças tomavam banho no rio. De lá, enxergava-se o alto paredão de calcário cinza que servia de fundo e teto á aldeia. A abóbada que se projetava do paredão protegia uma dúzia de choupanas com teto de folhas de palmeira. Duas colunas de rala fumaça assinalavam fogueiras na entrada da gruta que se abria no canto superior da esplanada que parecia uma meia-lua preta.
   
       Um dos meninos, o mais agitado, era magro e corria na margem, sem parar. Pulou para mergulhar no rio e quando se esticou no ar, pôde-se ver uma grande cicatriz que lhe cruzava a coxa esquerda, Segundos depois, reapareceu de olhos fechados, os cabelos logos, pretos e brilhantes como verniz encobrindo-lhe o rosto, a boca jorrando água com se fosse chafariz.

       Em pé, com a água na altura do peito, começou a bater na superfície do riacho com as mãos abertas, atirando água na direção de uma menina que sentada em uma pedra da margem, mordia uma fruta.Ao receber uma ducha, deu um pulo. Era da cor do café ralo, pernas finas e longas, cabelo comprido e da cor da noite, nariz curto, lábios grossos e um pouco salientes. Em um dos braços havia uma cicatriz em forma de trevo. Usava um colar de sementes vermelhas e preta e, no braço esquerdo, um bracelete de dentes de macaco. Usava uma tanga curta de fibras.

      O menino ainda continuava dando palmadas na superfície do rio, levantando cortinas de água.

  _ Toma Nia !

      Nos braços adornos igual aos da menina. Parou de jogar água quando, ela jogou uma fruta em suas costas, gritando:

 _Para Aur !

     O menino mergulhou na água para arrumar o cabelo. Na testa, tinha uma fita vermelha, com dentes esbranquiçados nela. Destacava-se um grande dente retorcido, de queixada, o avantajado e selvagem porco-do-mato.

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